segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Scliar

Leio os textos e crônicas do Moacyr Scliar desde o ensino médio, na época que a professora de redação nos "obrigava" dizendo trata-se de um texto completo.
Na época, não levava muito em conta, mas com o passar do tenpo aprendi a admirar seu estilo de escrever. Gosto muito. Leitura obrigarória nos finais de semana.
"Precisamos acordar todas as manhãs com o olhar brilhante, mesmo que haja chuva, renascendo de todo o passado, pois o presente é o tempo de amar, é o tempo de viver, de perdoar e de ser perdoado."
"O importante é viver com plenitude, renascendo sempre, em cada manhã."
Pleno certamente. Renascerá, com certeza, a cada manhã e a cada momento nas palavras que deixou em seus textos, livros e crônicas.

2 comentários:

  1. Morreu nesta madrugada, em Porto Alegre, Moacyr Scliar ...meu primeiro pensamento, depois de ter me condoído com a perda de Judite e Beto, a quem passamos a conhecer pelas colunas dele e a quem estendo meus sentimentos, foi que o céu ficou mais colorido e pensador.
    Logo imaginei uma mesa, onde estariam reunidos Scliar, Jorge Luís Borges e Marc Chagall, discutindo a vida, tomando um bom e honesto vinho.
    Não consigo olhar as reproduções de Chagall e não lembrar do texto de Scliar...a similitude da raiz comum, marcante em ambos, traz ao conhecimento de todos a cultura judaica.
    Segundo me recordo, foi Tolstoi que disse que "para falar do mundo, fale de tua aldeia". Scliar fez isso muito bem, tanto que conquistou reconhecimento e traduções em todas as partes do mundo.
    Dele, lembro de uma feira do livro em Lajeado, em 1982, onde levei um surrado exemplar de "A guerra no Bom Fim", no qual ele deu seu autógrafo, desejando a mim que a história de crianças e guerras, feita com carinho pela infância, pudesse ser apreciada pela jovem que eu era na época. Depois disso, fui morar no bairro ali retratado, durante o período de faculdade, e me lembro de procurar em suas ruas os sinais indicados por Scliar em suas histórias ...por exemplo, o "Fedor", que depois foi posto abaixo e virou lenda.
    Procuro em minha prateleira, e ainda encontro lá, acompanhado o exemplar autografado, "Os deuses de Raquel" e "O anão no televisor" (bah, esse comprado no longínquo ano de 1979, pensa bem) ...mas foram tantos outros lidos, cujas marcas ficaram na minha memória cultural e afetiva.
    Recortes de colunas, nem se fala, são vários guardados ...o com título "Pietà", onde ele relata a perda da mãe, é marcante e chega a estar amarelo...
    Algumas vezes escrevi a ele, comentando alguma coluna ou indicando algum "nome que condiciona o destino", e tive o privilégio de ser citada ali, um recanto ótimo de se estar, me sentia quase como se estivesse sentada na sala de estar do escritor, em sua casa.
    Na parede da sala em meu trabalho, há uma carta escrita por ele, em resposta a a uma minha. Escrevi para tietar, para louvar a escrita, para dizer o que ele me marcava, mas não esperava resposta. Num país onde milhares escrevem para a "bunda do momento" ou para a "música pegajosa da estação", entendi que devia externar meu amor pelos seus livros. Imaginava, porém, que ele, pela vida que podíamos ver pela janela de suas colunas, era um homem muito ocupado para dar retorno às minhas palavras. Mesmo sem esperanças, um dia veio um envelope com a resposta amável de Scliar, e a glória de receber tal honraria, mereceu um quadro, que me acompanha há anos e fica perto de mim onde exerço minhas funções.
    Está ali para que eu me lembre de quem sou de verdade e o que é realmente importante para mim, em relação à vida e às pessoas. Segundo, para lembrar que até mesmo uma pessoa importante, ocupada e reconhecida , pode ter o desprendimento de estender sua mão a alguém desconhecido que lhe procura e divide emoções. Está ali pendurada para me lembrar de ser gente ...obrigada, Moacyr Scliar, a paz ! (saiu n'O Nacional esta semana)

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  2. Cláudia, que lindo!
    Nossa, obrigadíssima.
    Vc enriqueceu com o teu texto e teu relato demais!
    Beijãoooooo!

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