segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Scliar

Leio os textos e crônicas do Moacyr Scliar desde o ensino médio, na época que a professora de redação nos "obrigava" dizendo trata-se de um texto completo.
Na época, não levava muito em conta, mas com o passar do tenpo aprendi a admirar seu estilo de escrever. Gosto muito. Leitura obrigarória nos finais de semana.
"Precisamos acordar todas as manhãs com o olhar brilhante, mesmo que haja chuva, renascendo de todo o passado, pois o presente é o tempo de amar, é o tempo de viver, de perdoar e de ser perdoado."
"O importante é viver com plenitude, renascendo sempre, em cada manhã."
Pleno certamente. Renascerá, com certeza, a cada manhã e a cada momento nas palavras que deixou em seus textos, livros e crônicas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Caminho das pedras

Algumas situações se colocam a nossa frente e prontamente são rotuladas de cara como problemas.
De uns tempos pra cá, tenho tentado ver o lado bom das situações que aparecem. É lógico que não tenho a sabedoria de um monge budista, não sou um pensador célebre, nem tampouco uma escritora de auto-ajuda. Só quero viver bem.
E este viver bem tem a ver com resolver problemas, não criar mais. Este é o "caminho das pedras".
Vou falar mais sobre este assunto ainda, certamente com outro enfoque, assim que puder...

Mas hoje tive que pensar bastante a respeito da minha vida e os caminhos que segui, tanto na vida pessoal quanto profissional. Fui desafiada a escrever um texto de 25 linhas contando a minha história. Haja poder de síntese! Minha vida dá um livro... ou novela, tendo em vista a quantidade de "núcleos" com os quais me relaciono ou que se relacionam.
Pois bem, neste processo, além de outras coisas percebi quantas vezes minha vida mudou de rumo de forma voluntária ou não, quantas vezes errei e tive que levantar, quantas vezes fui levantada, e quantas vezes ajudei alguém a levantar.
Se você ler o meu perfil, resumidão, vai estar escrito o seguinte:

"Já quis ser médica, aeromoça, arquiteta, policial federal (ainda quero!). Virei mãe. Fiz administração e hoje trabalho na área de comunicação. Dou um valor enorme para a minha família. Gosto de estar com eles sempre que posso. Adoro viajar. Acredito que pensamentos bons atraem coisas boas. Sou do tipo que gosta de saber um pouco de tudo. Tenho medos... alguns. Mas acho que a beleza da vida está em viver um dia de cada vez, como dá. E assim vamos seguindo!"


Médica - aeromoça - policial federal - administradora de empresas... todas profissões muito parecidas, não é? Pois bem, essa é a verdade. A gente muda, as vontades mudam e as necessidades mudam a gente! Diz Chico Xavier que "sonhos não morrem, apenas adormecem dentro da gente". Eu tenho muitos sonhos dormindo, alguns um sono profundo, quase em coma. Mas nada impede que acordem um dia, se eu assim quiser e puder.
Eu confesso que muitas vezes tenho medo de mudar. Sou humana caramba! Tenho medo sim. Mas esse medo não me paralisa, não fico sem ação. Penso muito, as vezes até demais antes de tomar uma decisão. Analiso, planejo, crio situações na minha cabeça e vou desenhando as possibilidades.
Até poucos dias atrás eu estava reclamando que estava me sentindo estagnada, parada. Veja só, que ironia... quem poderia mudar essa situação? Única e exclusivamente euzinha.com.br.
Parti para a ação. Estou matriculada num MBA, vou estudar! Adoro estudar, aprender, ouvir, crescer, me sentir viva e capaz de produzir e crescer.
Já pensou se eu tivesse rotulado todas as adversidades e dificuldades da minha vida como problemas e não tivesse buscado uma solução (com ou sem ajuda)? Certamente quem conhece a minha história sabe que as coisas teriam sido bem diferentes e eu talvez não tivesse crescido, amadurecido e virado "gente" tão cedo.

O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos.
A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.
A vida muda, quando "você muda".
 
(de uma crônica de Luis Fernando Veríssimo, sempre sábio)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Férias?

Férias, descnaso, recesso, parada. Seja qual for o nome estou fazendo uso deste direito! Desde ontem estou oficialmente em férias! Mas, como é difícil sair da rotina. Ontem fui deixar o marido no trabalho e estava indo "automaticamente" para o meu, pode? Quando me dei por conta, sorri, e voltei.
Tenho zilhões de coisas para fazer nestes dias de "parada"
Fotografias para organizar.
Quadros para pendurar.
Amigas para ver... cafés para tomar.
Guarda-roupas para arrumar.
Dormir!
Coisas pessoais para resolver que são impossíveis de fazer durante o ano normal porque não dá tempo.
Já estou cansada!
Quero ir para o clube, tomar banho de sol, caminhar.
Viver 20 dias com um único compromisso: ficar na boa!!!
Mas, talvez a mais importante seja ter um tempo para os meus filhos. Sentar, conversar, brincar no caso do pequeno, estar mais presente.
É, realmente tenho muitas coisas para fazer nestes dias. E farei, com muito prazer!
Boas férias, Vanesca!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A difícil arte de “inexistir”

Desculpem. Inventei uma palavra. Quer dizer, ousei reproduzir o que venho a ouvindo há muito tempo. Sei que a palavra não está nem no dicionário, mas em tempos de internet e de novos idiomas, s vc entdeu o q kero dzer tah valendu (odeio isso).
Já não é a primeira vez que me dizem “Inexista, Vanesca”. Caramba, não consigo!
Não sou o tipo de pessoa que consegue fingir que não está acontecendo nada, que fecha os olhos para a realidade e fica de braços cruzados esperando o bloco atravessar a avenida (sim, já que estamos em pleno Carnaval aqui na minha rua, todas as noites!).
Numa primeira vez, estava com problemas familiares, e uma pessoa de fora me aconselhou: “Inexista, Vanesca” e completou “deixe as coisas acontecerem, não faça nada além do teu papel e as coisas vão melhorar”. As coisas definitivamente não melhoraram. Eu agi, resolvi existir e acho que coloquei algumas coisas no lugar. Acho.
Pode parecer prepotência minha e eu não tenho a solução mágica para os problemas, mas penso e tomo atitudes que por vezes dão certo e por vezes não dão. A probabilidade de dar certo e errado é a mesma: 50%.
Agora por motivos profissionais ouço: “faz o teu”, ou ainda a máxima “inexista, Vanesca”.  Felizmente (ou infelizmente?) eu não sou assim. Eu existo, penso e gosto de fazer as coisas bem feitas. Meia boca não serve mesmo.  Sem radicalismo algum, tem um trecho de um discurso do Nizan Guanaes que diz tudo:

“Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: "Seja quente ou seja frio não seja morno que eu te vomito". É exatamente isso que está escrito na carta de Laudicéia: Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito, ou seja, é preferível o erro à omissão, o fracasso ao tédio, o escândalo ao vazio. Já li grandes livros e vi filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso... Colabore com seu biógrafo.
Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido. Tenha consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si, uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.”


Por isso brigo, fico indignada, esperneio e tenho até dor de barriga. Fico doente, somatizo. Acho que herdei isso do meu pai, não acho muito bom e tenho que aprender a dosar. Preferia ser acomodada, conformada e aceitar. Simples, líquido e certo como 2 e 2 são 4, não é? NÃO! Nem tanto o céu, nem tanto a terra.
Eu não carrego o piano. Parece piada... carrego um elefante!



P.S: Odeio politicagem.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sopa de Pai

Reproduzo aqui de forma integral o post de hoje do Marcelo Cunha Bueno, colunista da Revista Crescer e que tem o Blog "Sopa de Pai".
Ele fala de forma muito interessante do assunto Prioridade.
Leia, aproveite e pense: qual a tua prioridade?






PRIORIDADE OU PRIORIDADES
por Marcelo Cunha Bueno

Qual é a prioridade em sua vida?

Já se fizeram essa pergunta? Já a responderam?

Estava conversando hoje com um grupo de jovens. Conversávamos sobre a vida. Eles me perguntavam sobre o Enrique, sobre casamento, sobre ser dono de escola. Contava sobre a minha vida. Dizia que essas coisas eram as minhas prioridades. Uma das meninas me perguntou: mas podemos ter mais do que uma prioridade?

Não sei. Queria que alguém me ajudasse a escolher. Já escrevi sobre isso aqui no SOPA. Nos dias que correm, temos cada vez menos tempo para vivermos a experiência potente da vida. Falta-nos tempo, temos excesso de informações, de opiniões e de trabalho. Tudo para ontem, para agora… tudo para fora. Nada para dentro.

Perdemos o foco da vida. Calma! É apenas uma reflexão, não uma crítica ressentida do viver contemporâneo. Mas somos bombardeados por necessidades o tempo inteiro. O homem e a mulher modernos criaram necessidades para nós. Necessidade de sermos felizes, de estudarmos em escolas bacaninhas, de usarmos determinadas marcas ou guiarmos um carro-conceito. Necessidade de assistirmos a tais filmes, de não escutarmos tais músicas, de acreditarmos em tais crenças, de comprarmos tais alimentos. Necessidade de lermos determinados escritores, de votarmos em determinado partido e não em outro, de nos conformarmos com determinadas situações.

Os jovens me contaram coisas que eu tenho vergonha de contar para quem não conheço (sim, mesmo aqui nesse blogue, tenho uma certa vergonha). Mas o que me diziam era de foro íntimo. Falavam de família, de sentimentos pelos pais e mães… sem pudor algum. O mesmo acontece com os adultos, que expõem suas agruras para os demais sem cerimônia. Perguntei a eles se poderiam me dar a senha do facebook, do Orkut, do email… eles disseram que jamais. Concluí que não temos pudores para compartilhar intimidades, mas guardamos segredo quando se trata de guardar uma senha virtual de uma comunidade virtual. Afinal, quem somos ali? Ou quem escondemos ali?

Prioridade! Eu não sou contra, como podem ver, de redes sociais. Uso blogue, twitter, passo o dia conectado pelo celular. Gosto disso! Mas não é a minha prioridade. Rede social é gente! Olho no olho! Toque!

É isso que garante conforto, afeto, acolhida para as crianças… e que daria aos jovens um sentimento de pertencerem ao mundo. Temos de encontrar o que precisamos de fato. E pode ser qualquer necessidade, desde que seja algo que nos aproxime dos demais, que não nos afaste, exclua as pessoas. Temos de tentar achar o significado de viver a vida para algo que nos toque. Pode ser um casamento, um filho, um trabalho. Fazer de corpo e alma. Estar de corpo presente!

Essa é uma pergunta que deveríamos nos fazer todos os dias! Para afirmar a condição de viventes desse cotidiano que pode nos afogar! Qual é a minha prioridade?

Sim! Poderia responder àquela menina! Podemos ter muitas prioridades. Prioridade pode ser a vontade de costurar tudo o que me faz bem! Trabalho, casamento, filho. Afinal, a prioridade é ser e estar pleno de sentidos e afetos pela vida!

http://twitter.com/sopadepai

Certeza incerta

Já há vários dias venho pensando na palavra certeza.
Segundo o nosso grande Aurélio o significado de certeza é:

"s.f. Caráter daquilo que é certo, evidente, indubitável: uma certeza matemática. / Convicção, segurança plena e total: tenho a certeza de que ele vencerá. / Conhecimento certo. / Estabilidade: não há certeza alguma nas coisas do mundo. / Filosofia. Convicção que o espírito tem de que os objetos são tais quais ele os concebe. // &151; Loc. adv. Com certeza, evidentemente, certamente."

Ter certeza é bom ou ruim? Na minha opinião depende da situação. Vamos aos fatos.
É bom ter certeza, por exemplo, na hora de atravessar a rua, na hora de escolher a profissão (o que nem sempre acontece!), na hora de tomar uma decisão, enfim... meu foco definitivamente não é este.
Quero falar dos momentos em que a certeza pode atrapalhar. Como em um relacionamento. Acho bem complicado a pessoa ter certeza que é tudo na vida do outro. Neste caso bem específico a certeza acomoda e eu acredito que atrapalha. Mesmo em relações estáveis o encantamento e o sentimento de conquista devem estar presentes em todos os momentos.
Sabe aquela coisinha da "pulga atrás da orelha"? Pois é.

 Não quer dizer que você vai deixar o coitado do marido/namorado/namorido/ficante podre de inseguro. Não é isso. Não vale inventar histórias, mentiras e coisas do gênero. A ideia é mudar a atitude mesmo.
Quando consigo assistir a novela, morro de rir com a personagem da Camila Pitanga. Ela está afim do bonito, mas tem estratégia. Esperta ela. Sabe que ele é malandro e vai jogar!
Então é isso, a pessoa sabe que você ama/gosta/quer ela. Mas até ali. O jogo nunca está ganho. E acho que esta deve ser a sensação. Lógico que não precisa ser a final do campeonato todos os dias, porque cansa e vira rotina. Mas não dá só pra cumprir tabela também!
A certeza gera estabilidade, que não é ruim... mas da mesma forma deixa tudo muito "certo" (rsrsrs) óbvio demais.
Não existe receita infalível quando o assunto é relacionamento, mas sempre é legal dar uma pensada no assunto.
Pronto, a pulga está atrás da tua orelha agora... com certeza!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Clarissa Corrêa

Da série "coisas que eu gosto de ler e compartilhar", apresento para quem ainda não conhece a Clarissa Corrêa, gaúcha, natural de Rio Grande. É super receptiva e simpática. Escreve maravilhas e compartilha através do seu blog e tem um livro publicado. Seus textos são também daqueles que quase sempre parecem feitos para você. Muitas vezes me pego lendo e pensando que tudo é tão próximo da minha realidade que parecem escritos para mim!

"Clarissa é Clarissa porque um dia a dona Clara leu um livro e decidiu que assim seria. E assim foi. Depois de passar pelas faculdades de Direito e Psicologia, decidiu fazer o que mais ama: escrever.
A gaúcha escreve crônicas, contos, receitas, bilhetes, cartas, cartões, títulos, textos e, se bobear, até bula de remédio. É redatora publicitária e autora do livro de crônicas Um Pouco do Resto."














Nome: Clarissa Corrêa Silveira
Apelido: Minha família e amigos me chamam de Ciça. O pessoal do trabalho me chama de Cla. Esses são os mais comuns.
Idade: 30 anos.
Profissão: Escritora e Publicitária.
Música: Sailing.
Livro: O meu :)  E todos do Caio Fernando Abreu.
Filme: Bonequinha de Luxo. E todos de mulherzinha.
Lugar que gosta de estar: Minha casa. E adoro viajar para lugares diferentes.
Mulher bonita: Heidi Klum. Ela é linda e cheia de estilo.
Homem bonito: O meu :) Mas acho que tem que ser famoso, né? Gerard Butler.
Qualidade: Honestidade. Ela vem do fundo, mas me trai de vez em quando.
Defeito: Impulsividade. Sou impulsiva demais.
Frase: "As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz - se não tiver, a gente inventa." (Caio F. Abreu)
Como você se sente recebendo tantos comentários das pessoas dizendo que você escreveu o texto para elas, ou que leu seus pensamentos...? Me sinto feliz de verdade. E em paz. Vejo que valeu a pena ter deixado o Direito e a Psicologia para trás para correr atrás das letras. É uma delícia ver que a gente faz diferença no dia a dia das pessoas, que causa algum tipo de emoção na vida delas. É intenso e bonito.
Qual teu grande sonho? Quero escrever muitos livros ainda. E roteiros também. Isso tudo me encanta, sabe? Se eu não tivesse que pagar a conta de luz certamente ia viver escrevendo. Também quero viajar pelo mundo e ter uma filha chamada Isabela.

"Certas dúvidas sacodem minhas certezas. Certos passos em falso abalam meu caminhar. A gente é tão pequeno, tão humano, tão simples. E a vida, meu amigo, é tão complexa, complicada, difícil. Será mesmo? O amor é tão simples. Um mais um é dois. E assim vamos somando. Mas e a vida? E o dia a dia? O amor e a cabana vão bem, obrigada. Mas a vida real grita lá fora, toca meu rosto e diz: o futuro pertence ao futuro. Ninguém sabe o que virá. E é isso que pouco a pouco mata. Ou, enfim, é o que nos faz lutar para sobreviver todos os dias."

A Clarissa atualmente é redatora publicitária e trabalha numa agência de propaganda.

"Não acho que o amor perdoa tudo. Acredito, sim, que ele pode ser mais forte que qualquer coisa. Ele vence tudo, enfrenta qualquer parada. Mas tudo isso só acontece quando você quer e se permite. A gente precisa se dar uma chance de vez em quando. Alguns vivem com os olhos fechados, sonhando, ao invés de despertarem e enxergarem o que está ao lado deles. O amor é imperfeito, cheio de manias e muitas vezes é um baita mal educado. E tudo bem, pois penso assim: se de vez quando não acordo em um bom dia, por que o amor deveria? A gente se cobra muito e, consequentemente, cobramos coisas do amor. Esquecemos que o amor não nos deve nada. E que devemos, sim, pedir perdão. Amar é ter que pedir perdão quando a gente faz burrada. Quem não faz uma merda de vez em quando? Quem não erra? Se a gente ama, a gente quer que o outro esteja bem. Se a gente pisa na bola e fere o outro, queremos que ele nos perdoe. Por isso, amar é pedir desculpa quando magoamos quem mora dentro da gente. Love Story, você não sabe de nada."

Fã de Caio Fernando de Abreu, seguiu a carreira de escitora e redatora depois de cursar alguns anos da faculdade de Direito e outros tantos na Psicologia. Concluiu o curso Formação de Escritores e Agentes Literários, na Unisinos.

"Tem gente que encara tudo com uma seriedade absurda. A gente deve rir mais da vida e das desgraças. É claro que às vezes a coisa enrosca, aperta, complica, pesa. Mas tem que saber dar a volta por cima, rir, rir, rir. Rir absurdamente. Rir desajeitadamente. Rir escandalosamente. Inventar um riso e rir pra ele. Inventar um riso e rir dele mesmo. Inventar e rir de si mesmo."

"Todo mundo vai te decepcionar, sabia? Sua mãe, seu pai, seu marido, sua amiga, seu vizinho. Todo mundo um dia vai fazer uma merda federal e ferrar com tudo que você sonhou. A gente tem tantos sonhos, tantas verdades floridas e bonitas. Meu Deus, como eu queria uma vida cheia de cor. Meu Deus, como eu queria uma realidade mais doce. Mas não. A vida é meio amarga, azeda, meio de verdade. Isso assusta, assusta, mas a gente precisa ser forte.
Sabe de uma coisa? Não, você não sabe. Vou te contar. Eu ando tão sensível. Precisando assim de uma palavra suave, de um gesto inesperado - e belo. Você consegue me surpreender de um jeito bom? Diz que sim, preciso tanto de você. Que coisa louca essa: a gente precisa de alguém. Mas, sabe, a gente sempre precisa de alguma coisa que nos coloque no eixo. Ando meio fora dos trilhos, se é que você me entende. Andei pensando na vida - é, sei que isso dá calafrios. Mas percebi que não adianta protelar. Preciso agir, agir, agir, largar essa pureza tosca, maldita, essa pureza pura, bonita e seguir. Eu preciso, por favor, me dê tapas fortes na cara, eu preciso entender que existe uma parcela de gente que é filha da puta, que mente, que engana, que trapaceia."













"Um Pouco do Resto" é o livro de crônicas que, como diz no site, aborda a delícia e a loucura de ser mulher. Fala de amor, sonhos, encontros, desamores, vontades, desejos. Indicada para homens também!
Para adquirir, basta entrar em contato com a autora pelo e-mail clariscorrea@gmail.com.

"Eu dizia que andava vendo coisas feias. Desculpa de novo, mas tem coisa que não cabe em mim. Não consigo acreditar, desculpa, não consigo. Desculpa, não vou mais me desculpar nem tentar ser o que não sou. Desculpa, eu sou assim, continuo do mesmo jeito, sigo acreditando naquelas coisas tão bonitas, tão puras, tão minhas, tão suas. Mas estou perdendo a fé no romantismo. Juro, eu tô matando isso em mim bem devagar. Como pode, como é que pode as pessoas não perceberem que o amor é uma coisa tão essencial? Me explica isso. Uma amiga ligou contando coisas que se fosse comigo, sei lá. Sabe? Sei lá. Pelo que entendi, ela estava conversando com o namorado e lá pelas tantas ele disse que "o amor é aqui (e apontava para a cabeça), assim como o sexo, assim como tudo mais. É tudo aqui ó (na cabeça), o coração é apenas um músculo." Ela ficou chocada. O amor não é aqui, nem na minha cabeça nem na sua. O coração é um músculo, sim, mas o amor vem de dentro, minha gente. E não é da cabeça, pois se o nosso lado racional controlasse tudo é evidente que controlaria nossas vontades, ímpetos, impulsos e, é claro, nosso sentimento mais nobre. Não tem como fugir do amor, a cabeça não domina, não controla, não consegue domar. Outra amiga contou que estava em um momento de romance com o marido e fez aquela pergunta boba que as mulheres adoram fazer você-me-ama e ele olhou pra ela e perguntou "Você se ama? Tem certeza disso? Porque a gente tem que se amar, o amor-próprio é o amor mais importante". Que coisa horrível. Que coisa horrível. Que coisa horrível. Todo mundo sabe que pra amar alguém a gente tem que se amar. Lembro sempre da aeromoça: "Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente à sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado." Para ajudar alguém a gente precisa estar bem. Simples assim. Para amar alguém a gente precisa ter amor pra dar. E só tem amor pra dar quem se ama."


"Eu assumo com a maior naturalidade: vivo fugindo. Adoro fugir. Sim, eu sou covarde. Clarissa é um ser humano. Clarissa tem falhas. Ainda bem, já pensou se eu não falhasse nunca? Vamos voltar ao X da questão: fuga. Sou uma fujona assumida. Já fugi dos meus sentimentos. Já fugi pra não sofrer mais tarde. Fugi por medo de sofrer mais tarde. Fugi para me perder. Me esquecer. Recordar. Reviver. Transcender. Renascer. Ressurgir. Já fugi de mim e já fugi de ti.
Também já usei muitas coisas como fuga. Na hora de tomar decisões e de resolver questões sérias já arrumei um canto pra me esconder. Já usei livros como fuga, filmes, pintura, pessoas, lugares, álcool, armadura, escudo, proteção e até mesmo terapia. Não vou detonar a psicanálise, nem psicoterapia, nem nenhum tipo de terapia. Mas aprendi uma coisa: só funciona se tu quiseres mesmo. Nenhum profissional te dá o mapa da mina. Tampouco te indica caminhos. Tu descobres sozinho e se estiveres com vontade. Do contrário, nada feito. Também aprendi que a gente nunca recebe alta. Já viu alguém ter alta? Eu nunca. As pessoas se cansam, enchem o saco e acabam "se dando" alta. Se depois de 7 anos de terapia tu não resolveu os teus problemas, sei não...só fiz um ano. E fui embora. Foi fuga? Fugi de quem? De nada, apenas cansei."


Quer saber mais e conhecer os textos da Clarissa Corrêa? Acesse:
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