“Tem gente que não se importa em ficar a vida inteira no mesmo lugar, tem gente que não consegue nem ficar oito horas em uma mesma sala. Tem gente que nasceu com raízes, outros com asas. Você é do tipo que vai ou do que fica?”Chegou a hora!
Mudar. Buscar o novo. Oportunidade. Loucura. Coragem. Saudade. Preocupação. Otimismo. Desapego. Reencontro. Se permitir, deixar acontecer. Despedida – lágrimas! Bagagem. Levar, deixar. Mais despedidas. Contar os dias. Em pouco mais de 6 meses, uma busca, um telefonema, algumas pesquisas e uma decisão: por que não tentar? Decisão tomada. Quanta coisa para fazer! E, agora, tudo feito... chega a hora de ir. Comecei a contar os dias e eles passaram assustadoramente rápido. E a sensação era ambígua: que passasse rápido para ir logo, mas ao mesmo tempo devagar para aproveitar cada minuto até a ida. Muito louco tudo isso. Nasci e cresci em Passo Fundo. Foi aqui que estudei (desde a Pingo de Gente até a FGV), trabalhei e construí minha história profissional, conheci muitas pessoas, fiz vários amigos... creio que poucos desafetos. Ir embora não significa deixar simplesmente tudo pra trás. Ir embora significa dar a oportunidade para coisas novas acontecerem, em outro lugar – um pouquinho mais longe. Significa sair da zona de conforto literalmente e colocar as mãos na massa novamente com um olhar diferente, permitir alguns recomeços e dar uma chance aos filhos de ter uma vida cheia de oportunidades e quem sabe muito mais qualidade de vida. Sou grata a tudo que fiz, aprendi e vivi aqui durante todo este tempo. Muito grata. E não vou embora com o sentimento de “alívio”. Muito de mim fica aqui.
Com certeza o mais difícil é dizer “tchau” aos mais próximos, com quem se convive mais de perto e que o contato e o convívio diário farão falta... o olho no olho, do abraço e do carinho, das brincadeiras e papos sérios também... do chimarrão no final da tarde, das visitas marcadas e dos balões recebidos, das jantas, almoços e cafés na padaria, das jantas com as “divas” regadas a muitas histórias impublicáveis, dos papos de salão, dos colegas – e muitos AMIGOS – do trabalho, das visitas nas lojas das amigas, visitas aos clientes – que também se tornam amigos, de andar na rua e conhecer “todo mundo”, da sensação de que na próxima quadra vai encontrar mais um ou outro amigo e espichar o papo mais um pouco... de entrar em lugares que frequentou desde criança e com os quais tem vínculos e memórias afetivas eternas...
Lá... bom, lá eu não sei como será! Imagino. Comento com os mais próximos que sei bem da diferença cultural, das diferenças de comportamento e tratamento, de idioma – se fazer entender no início, a adaptação no geral... tudo será um processo. Periga eu sair “conversando até com os postes”. O estranhamento ao diferente não me assusta... me encanta muito mais as infinitas possibilidades que tudo isso carrega em si. Enfim, sim: sou inquieta, sempre em busca de respostas. Isso é meu. Sorte ter como parceiros de vida nesta fase meus filhos e minha irmã – tão corajosos, questionadores, cheios de vontade e observadores do mundo quanto eu!
“É difícil aprisionar os que tem asas”, disse o poeta. Também é difícil arrancar os que são feitos de raízes.”
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